23 de abril de 2012
Texto e fotos por Vinícius Serafim
Não importa onde você vá, leve sua câmera com você! Muitas vezes ouvi e li essa frase de diversos fotógrafos mas isso sempre me pareceu algo mais verdadeiro para profissionais (ex.: fotojornalistas) do que para um amador como eu.
Digo sem medo de errar que a maioria das pessoas que possuem um telefone celular já leva a cabo esse conselho de sempre levar sua câmera consigo. É claro que uma câmera de celular é bem mais limitada que uma DSLR ou mesmo uma câmera compacta (point-and-shoot) e, embora seja mais fácil levar o celular, ninguém compra uma DSLR ou mesmo uma compacta para deixar guardada em casa.
Bom, escrevo esse post justamente para compartilhar minhas experiências em deixar ou levar a câmera para passear. É comum levarmos nossas câmeras conosco quando vamos viajar, quando vamos em algum evento (ex.: shows, aniversários, etc.). Porém, geralmente, fazemos pouco caso daqueles passeios por lugares já conhecidos, de eventos que não nos interessam e acabamos por ir, daquelas cidades que passamos e nada sabemos, daquelas viagens que são somente à trabalho, etc. Ignoramos as mais diversas oportunidades simplesmente por acharmos que sabemos o que vamos encontrar ou o que vai acontecer e é aí que erramos.
O inesperado nos oferece as melhores capturas. Há o elemento surpresa que não nos dá muito tempo para pensar e faz com que nossa expressão através da fotografia seja mais autêntica. Certa vez, em uma tarde de sábado meio nublado em Porto Alegre (RS), convidei minha esposa para irmos dar uma volta de carro, pedi a ela que pegasse toalhas de banho e saímos. Eu tinha em mente pegar a estrada em direção ao litoral e talvez até tomar um banho de mar. Segui a RS-040 até o Balneáreo Pinhal (RS).
Chegando lá, banho realmente não dava para tomar, estava muito frio. Resolvemos então passear, ainda de carro, até Cidreira. No meio do caminho algumas pessoas que estavam bem no alto de umas enormes dunas de areia me chamaram a atenção, de imediato parei o carro no que se poderia chamar de "acostamento". E aí vem o inesperado: chega um senhor em uma charrete e me pergunta muito educadamente (não é ironia) se eu poderia colocar o carro um pouco mais para o lado pois eles iriam realizar uma pequena carreira de charrete ali mesmo. Coloquei então o carro em algo pior que o tal acostamento, ficando bem ao lado da estrada. As charretes passaram correndo a menos de dois metros de onde eu estava e esse foi o resultado (já com a pós-produção):
Carrera de charretes em Cidreira (RS)
Para mim é uma das minhas melhores fotos e traz justamente aquela questão do momento que a foto representa. A surpresa trazida pelo inesperado e a reação quase instintiva que tive, fazem dessa foto algo único e especial para mim.
Em outras situações, como uma volta de bike por estradas que você só vê no Google Earth (ou na visão de satélite do Google Maps), tive a oportunidade de tirar algumas outras boas fotos (eu acho). Como, por exemplo, a coruja-buraqueira que me mirava tomando água quando a vi e peguei a câmera.
Ciclismo no interior / Countryside cycling
Coruja-Buraqueira
Ou ainda o salão de festa abandonado de 1928 em meio a uma lavoura:
1928 Salão de festa dos anos 20, Três de Maio, RS
Ainda no rol desses eventos inesperados, ao retornar do velório do meu querido Vô Miguel, parei numa pequena comunidade à beira do asfalto para ver uma antiga igreja (ao menos me pareceu bem antiga) e depois de fazer várias fotos achei a que eu queria.
Santo Antônio Igreja Santo Antônio, interior do RS
E aqui ainda outras diversas fotos foram propiciadas. Como pode-se notar, existem diversos detalhes que nos fornecem diversas possibilidades de criação.
Bom, até aqui mostrei os resultados das vezes em que levei minha câmera comigo. Agora, das vezes que não levei (e me arrependo), o que tenho a mostrar?
A mostrar, de fato, nada. Apenas a falar, a descrever. Já cometi diversas vezes o erro de deixar minha câmera em casa, no carro, no hotel, justamente por achar que eu não teria nada de interessante a fotografar.
A vida não cansa de me provar que não posso ter a presunção de achar que sei o que e quem vou encontrar e o que vai acontecer. Além de termos consciência disso, temos que vencer o receio de sair com uma câmera por aí, seja por timidez ou pelo medo que temos de sermos assaltados. É claro que devemos tomar nossos cuidados com o nosso equipamento, com a nossa segurança e mesmo ter ciência das questões legais que envolvem a fotografia.
Dentro das suas possibilidades, tomando o cuidado para não as restringir demais por timidez ou mesmo por medo, sempre leve a câmera!